Vamos lá: estou numa onda de dar risada: essa esquete mostra um francês muçulmano perdido na favela de Heliópolis. Na maior parte do tempo, é falado em português com legendas em francês, o que vai facilitar a compreensão e permitir ficar atento à tradução, que está ótima. Só não deixe de ver até o final, porque só acaba mesmo depois dos créditos.
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domingo, 4 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
Gad Elmaleh - Les Français
Como meu último post foi de um texto humorístico, e como rir é muito bom, deixo abaixo o link para um trecho de um espetáculo de Gad Elmaleh, um cara realmente engraçado. É melhor preparar as orelhas, pois ele fala rápido (pois é, em humor sempre se fala rápido), mas vale muito a pena. Se você tiver dificuldade de acompanhar, se ligue nas legendas.
Pegadinha da gramática francesa: o plural dos dias da semana
Recebi o texto abaixo por e-mail hoje à tarde. Trata-se de um caso bem específico do uso do plural em francês: os dias da semana. Trata-se de uma super pegadinha linguística; assim, os comentários no início e no fim são escritos em linguagem bastante soutenue (rebuscada), criando um efeito de humor. Para quem tiver dificuldade em identificar, as formas pût, pûtes, sûtes e faillîtes pertencem ao subjonctif imparfait de pouvoir, savoir e faillir, respectivamente.
Como já disse em meu texto sobre o subjuntivo e no texto em que falei sobre o filme Entre les murs, trata-se de um tempo verbal tão distanciado da linguagem cotidiana que seu uso chega a soar cômico - aliás, não preciso explicar por que pûtes é uma conjugação engraçada. Para uma comparação entre o uso dos verbos em francês e em português, clique aqui. Talvez seja especialmente importante compreender a construção ne... que para não se perder no texto - se essa aparente negação ainda te deixa perdido, confira minhas dicas.
Para se divertir com as sutilezas do francês, continue a leitura. Só me faz um favor: não use esse texto para argumentar que "inglês é fácil e francês é difícil", porque já expliquei há muito tempo que isso é a maior furada.
Interrogation écrite sur le pluriel des jours de la semaine
Se pût-il que déjà vous le sûtes ?
Le pluriel des jours de la semaine ?
Doit-on mettre la marque du pluriel aux jours de la semaine ?
Eh bien oui !
Lundi, mardi etc… sont des noms communs soumis aux mêmes règles d'accord que les autres noms communs. On écrit donc: tous les lundis et tous les dimanches.
Sauf que, vous vous doutez bien que cela ne peut pas être aussi simple...
Lorsque ce même jour est suivi par une description de temps, la semaine par exemple, il faut compter le nombre de ces jours dans cet intervalle de temps. Dans une semaine, il n'y a qu'un seul lundi et on écrit donc : tous les lundi de chaque semaine.
Vous suivez toujours ?
Donc si on passe au mois, il y a cette fois plusieurs jours qui sont un lundi dans un mois et on écrit donc : la réunion a lieu les premier et troisième lundis de chaque mois.
Au passage, vous remarquerez que premier et troisième sont au singulier puisqu'il n'y a qu'un premier et qu'un troisième dans un mois. Mais les deux ensemble (sans s) sont un pluriel.
C'est dans ce même ordre d'idée qu'on écrit : tous les dimanches matin et tous les mardi soir de chaque semaine.
Dans le premier cas, matin est au singulier car il n'y a qu'un seul matin dans une journée par contre il y a plusieurs dimanches.
Dans le deuxième cas, il n'y a qu'un seul mardi dans la semaine d'où le singulier et il n'y a toujours qu'un seul soir dans un mardi.
Vous faillîtes ne point connaitre ces subtilités de la langue française.
Ce jour vous le pûtes.
Un peu compliqué, non ?
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Grande descoberta
Acabei de descobrir um site fantástico: trata-se de um dicionário on-line francês-português de expressões idiomáticas, elaborado e mantido pelo CNRTL (Centre National de Ressources Textuelles et Lexicales). Todas as entradas contêm exemplos, o que é muito útil. Não há uma quantidade muito grande de expressões, mas as traduções são corretas e, o que é uma vantagem para nós, as equivalências são dadas em português brasileiro. Aproveitem bem essa fonte de informação clicando AQUI.
domingo, 6 de novembro de 2011
Alguns pratos do Norte da França
Já faz tempo que não dou as caras por aqui. Assim, para cumprir uma promessa que fiz lá por volta de março, se não me engano, vou falar um pouco mais sobre o Norte da França, região pouco conhecida pelos brasileiros, que normalmente associam aquele país à imagem da capital ou da Côte d'Azur. Já escrevi sobre o Carnaval de Dunkerque; hoje, vou falar da culinária daqueles cantos, mostrando fotos de pratos que saboreei naquela cidade e em Lille. Clique nos nomes dos pratos para acessar as receitas (em francês). Por falar nos nomes, você verá que muitos deles são em flamand (flamengo, me português), idioma da família do holandês, falado na região de Flandres, que se estende da França à Bélgica.
Moules-frites: Combinação clássica do Nord, que também faz grande sucesso na Bélgica. Aliás, há quem diga que as batatas fritas foram inventadas pelos belgas; o fato é que elas são o feijão e arroz deles: indispensáveis. E outro fato é que quem acha que conhece batatas fritas porque comeu aqueles pedaços de isopor vendidos no McDonald's está redonda, retangular e quadradamente enganado.
Bom, quem for à pontinha de cima da França vai descobrir que, lá também, quase todos os pratos vêm acompanhados desses palitinhos deliciosamente crocantes. Para quem torcer o nariz para a combinação de fritas com mexilhões, um pequeno conselho: come e não te arrependerás! Realmente, o que à primeira vista parece inusitado se mostra uma grande sacada depois da primeira mordida.
Serve-se assim mesmo, como se vê na foto: dentro da casca. Você vai pegando, comendo, bebendo o caldinho. Sans chichi (sem frescura)! Há diversas maneiras de preparar os moluscos - abaixo, vemos moules marinières, que levam vinho branco, cebola e salsa, entre outros ingredientes. Clicando no link para a receita, você vai perceber algo interessante: na França, mexilhões são medidos por litro, não por peso.
(Foto minha)
Welsh / Welch / Welche: Trata-se de uma bomba calórica, mas de uma bomba atômica. Pão embebido de cerveja (e a de lá é bem mas forte do que a nossa), presunto, ovo, queijo cheddar... Combinado com batatas fritas, que é para meter o pé na jaca direito. Estômagos sensíveis, passem à próxima receita.
(Foto minha)
Flammekueche: Parece uma pizza de massa fina, se a licença poética me permite. Mas o molho de tomate não dá as caras. Na verdade, o flamm' que eu comi era à base de cebola, creme de leite e bacon . Ótimo para acompanhar a cerveja. Hmmm, meio pesado, mas muito bom!
(Foto minha)
Pot'je vleesch: O termo, que tem bem mais de uma ortografia possível, significa "pote de carnes" em flamand. Pense nos termos ingleses pot e flesh (em inglês, pelo que eu sei, flesh é usado em oposição a spirit e não costuma designar a carne que se come, mas é só para registrar o parentesco etimológico, já que o flamand é um idioma germânico). Trata-se de carnes brancas (coelho, frango, vitelo) marinadas e cozidas no vinho branco com cebola. São servidas frias, em sua "gelatina". Simplesmente uma delícia! A receita do link acima é a mais simples que encontrei, mas senti falta do zimbro (genièvre), que é presente em numerosas variantes e dá um toque muito especial. Pessoalmente, acho que ele entra perfeitamente bem no logar do tomilho (thym).
(Foto minha)
Salada com peixes defumados / em conserva: Não precisa dizer muita coisa. Só que, sinto muito informar, prefiro nem buscar uma receita, já que essa bela salada depende de produtos que dificilmente podem ser improvisados em casa. Claro que o salmão defumado, você encontra à venda no Brasil sem grandes dificuldades. Mas para comer os camarõezinhos defumados e o kipper (o peixe que você vê ao lado das torradas), só indo a Dunkerque mesmo. De qualquer forma, fica a ideia para uma salada que vale uma refeição. Sirva com uma bela vinaigrette (mostarda de Dijon, vinagre e azeite).
(Foto minha)
Steak au Maroilles: Outra que eu vou deixar sem receita, pelo fato de que o Maroilles é um queijo (maravilhosamente fedorento) que só se encontra lá por aquelas bandas. Fora isso, o prato não parece ter grandes mistérios. Mas é outra inspiração para você.
(Foto minha)
Carbonnade flamande: Grande clássico. É como se fosse o Boeuf bourguignon do Norte, mas há muitas diferenças: a carne de boi (eu aconselharia músculo - gîte -, que é o melhor corte para ensopado, na minha opinião) é cozida na cerveja, não no vinho, e acompanhada de pain d'épices (você pode fazer essa receita) e, evidentemente, de fritas. Outra grande diferença para o Boeuf bourguignon é o sabor ligeiramente adocicado do caldo. Memorável!
(Foto tirada da internet)
Plateau de fruits de mer: Désolé. Só indo ao Norte. Coloquei aqui pra te deixar com água na boca e te avisar que, por lá, os frutos do mar são servidos geladinhos, acompanhados de vinaigrette e um delicioso molho à base de cebolas roxas e vinaigre de vin (vinagre de vinho tinto muito saboroso).
(Foto minha)
Andouillettes: Tenho uma história engraçada com essas linguiças de miúdos de porco, que são outra especialidade francesa, para as quais não conheço nada parecido por aqui. A primeira vez que comi isso foi em 2004, em minha primeira viagem à França. Já tinha lido a respeito e tinha curiosidade. Na primeira garfada, um choque. E uma enorme dificuldade de engolir. Aprecio sabores fortes e tenho a mente aberta para novas experiências culinárias, mas não dei conta. Mesmo detestando, tentei comer quatro pedaços, sempre tentando me convencer de que meu paladar ia "se reconfigurar" e ficar menos etnocêntrico. Mas não deu. Em 2010, no entanto, dei uma nova chance às andouillettes e tudo correu bem: achei muito bom. Disso, tirei uma lição que compartilho com vocês: quando a gente vai a algum lugar e nos apresentam um prato regional, sempre vale a pena provar. Mas se acontecer de a gente achar ruim, é preciso dar uma nova chance - pode ser que aquela preparação que você comeu não esteja muito bem-feita. Assim, é sempre importante se segurar antes de tirar conclusões.
(Foto minha)
Pieds de cochon: Sem grande mistério, né? Deliciosos pés de porco fritos. Nada melhor depois de um dia de trabalho...
(Foto minha)
Waterzooi / Waterzoï: Para terminar esse longo post e ir fazer meu almoço (já estou morrendo de fome), um grande clássico do Norte. Trata-se de peixe, muitas vezes cabillaud (que é o bacalhau antes de ser salgado) cozido com legumes, vinho branco e creme de leite. Simples e gostoso. Há receitas que acrescentam outros peixes ou até mexilhões, outras que substituem o peixe por frango... Waterzooi significa "cozido branco", e o water tem, sim, parentesco com white. Na foto abaixo, creio que usaram salmão.
(Foto tirada da internet)
Talvez você esteja horrorizado(a) com esses pratos engordiet. Claro que, no dia a dia, o ideal é segurar um pouco a onda, mas nunca se oferecer esses prazeres, quando não se tem nenhum problema grave de saúde, é de uma tristeza sem fim. Thomas Dutronc canta sua revolta contra a ditadura das dietas em Les frites, bordel, canção que faz uma reflexão bem-humorada (mas séria, no fim das contas) sobre a filosofia de nossa comida e sobre a nossa solidão. A meu ver, temos aqui um convite ao hedonismo, uma chamada à révolution du saucisson. Abaixo, confira o clip da versão em estúdio:
A letra, como de costume, está no comentário, para ocupar menos espaço. Veja abaixo uma versão ao vivo, em que Thomas Dutronc torna a letra ainda mais divertida. Bom treino para a compreensão oral.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Projeto para Vitória - com legendas em francês
Para os habitantes de Vitória, será interessante conferir esse pequeno documentário sobre o Cais das Artes, que está sendo construído em frente ao Convento da Penha. O projeto é do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que foi tema de uma exposição no Musée National d'Art Moderne entre os dias 06 de abril e 06 de julho. Foi para esse museu de Paris, também conhecido como Centre Georges Pompidou, que foi realizado o vídeo que está no link abaixo. Também será uma boa pedida para quem não mora na bela capital do Espírito Santo, pois há muito vocabulário a aprender com as legendas.
http://vimeo.com/27423465
sábado, 27 de agosto de 2011
"Afinal, como se diz...?" - algumas construções e expressões coloquiais em francês
Tem sempre aquelas coisinhas que a gente sabe que não pode sair traduzindo ao pé da letra e fica aquela dúvida. Seguem abaixo algumas expressões ou construções de frase que você talvez já tenha tentado dizer algum dia. Assim, seja para responder a uma dúvida antiga, seja para evitar falar abobrinhas no futuro, acho que esse texto pode ser útil. Está completamente "aleatório", mas o fato é que me deixei ir ao sabor das ideias que me ocorriam. Caso esteja curioso a respeito de outra expressão, os comentários estão aí para isso mesmo.
- ir embora / sair fora / vazar / ralar peito: s'en aller / filer / se barrer / se tirer / se casser / s'arracher
- sair à francesa: filer à l'anglaise
- sair correndo: détaler
- sair caro: revenir cher
- ir parar na contramão: se retrouver à contresens
- tipo assim: genre
- toma na cara!: vlan! dans les dents!
- seu (covarde): espèce de (lâche)
- barbeiro (= mau motorista): chauffard (antigamente, havia barbiers, que faziam a barba de seus clientes com navalha)
- frescura: chichi ("frescor" é fraîcheur)
- fresco(a) pra caramba: chochotte comme tout
- certinho demais: trop comme il faut (veja meu texto sobre a necessidade)
- perua (= mulher fútil): bécasse (a penosa do Natal é a dinde; o veículo para a família toda é uma fourgonnette)
- patricinha: Marie-Chantal
- mauricinho: Jean-Édouard
- santo do pau-oco: tartuffe / bondieusard / bigot / cul-bénit
- santinha do pau-oco: sainte-nitouche
- no dia de São Nunca: à la Saint Glinglin
- neca (de pitibiriba): (que) nenni / que dalle (dê uma olhada em meu texto sobre a restrição)
- de mãos vazias: bredouille
- enrolar / tapear alguém: rouler quelqu'un dans la farine / mener quelqu'un en bateau / embobiner quelqu'un / duper quelqu'un / avoir quelqu'un
- me passaram a perna / me sacanearam: on m'a fait un sale tour / un tour de cochon
- papo furado: boniment (passar uma conversa é bonimenter)
- me dei mal: on m'a eu (repare que é o verbo avoir, mencionado acima)
- ele mal fala: il parle à peine
- ele fala mal: il parle mal
- ele está falando mal de você: il dit du mal de toi
- não tem jeito: y'a pas moyen
- cara de pau / folgado: sans gêne / encombrant
- encher o saco de alguém: prendre la tête à quelqu'un / saouler quelqu'un / gonfler quelqu'un
- puxar o saco de alguém: flatter quelqu'un / jeter des fleurs sur quelqu'un / lécher le cul à quelqu'un - essa última expressão é extremamente vulgar
- não é pra qualquer um: ça s'improvise pas
- ele / ela arrebenta: il / elle déchire
- maneiro / legal / irado: cool / chouette (expressão ligeiramente infantil) / mortel (gíria)
- não é grande coisa: c'est pas terrible
- se achar / ser metido a besta: avoir la grosse tête / se prendre au sérieux
- fulano que se cuide: untel n'a qu'à bien se tenir (aquele meu texto sobre a restrição é realmente bacana...)
- matar aula: sécher un cours / faire l'école buissonnière
- o sol espera por você: le soleil est au rendez-vous
- colar na prova: tricher à l'examen
- pegar (= perguntar algo que a pesso não sabe responder): coller
- pegar (um resfriado, uma doença): attrapper / chopper (un rhume, une maladie)
- pegar (uma mulher): chopper (une femme) - não é o jeito mais elegante de falar de uma aventura amorosa em nenhuma das línguas...
- coçar (= não fazer nada): glander
- coçar (= provocar sensação de coceira): piquer
- coçar (= aliviar a coceira usando as unhas): gratter
- filar / serrar / chepar (= pedir algo aos outros): gratter
- X não tem nada a ver com Y: X n'a rien à voir avec Y (isso mesmo: é igualzinho nas duas línguas)
- nada a ver: n'importe quoi !
- como assim?: comment ça?
- agora essa!: ça alors !
- essa é boa!: elle est bonne, celle-là !
- que história é essa?: qu'est-ce que tu racontes ? / ça rime à quoi ?
- que porra é essa?: c'est quoi cette merde ?
- ficou doidão?: ça va pas la tête ?
- louco / maluco / biruta / pinel / tantã: fou / dingue / cinglé / allumé / barjo / taré / zinzin
- dinheiro / grana / bufunfa / capim: argent / fric / pognon / thunes / oseille
- dá para (+ inf.): on peut (+ inf.)
- se bobear (= pode ser que...): si (jamais) ça se trouve
- acontece que...: il se trouve que... / il arrive que...
- um monte de informação solta: un tas d'infos en vrac
domingo, 21 de agosto de 2011
"Je t'aime... Moi non plus" - qual é a sua versão favorita?
Falei bastante desse clássico no último post, que causou escândalo na época e que choca muita gente até hoje em dia (a meu ver, achar a música "engraçada" ou "cafona" é somente uma forma inconsciente de resistir a ela e tentar censurá-la). Pois é, falei muito, mas fiquei devendo a canção em si. Assim, seguem abaixo duas versões. Deixe um comentário dizendo qual delas você prefere.
1. Com Brigitte Bardot (1967, o ex-marido dela fez com que essa versão ficasse na gaveta por anos a fio):
2. Com Jane Birkin (1969):
Ah!, para quem ainda não sabe, o bonitão Gainsbourg teve um caso com La Bardot e foi casado com a fofinha Jane Birkin por vários anos.
E como falei dos problemas de tradução, segue abaixo a letra traduzida comme il faut (= certinho):
– Je t'aime, je t'aime. Oui je t'aime !
Eu te amo, eu te amo. Sim, eu te amo.
– Moi non plus
Eu também não
– Oh mon amour
Oh, meu amor
– Comme la vague irrésolue
Como a onda indecisa
Je vais, je vais et je viens entre tes reins
Eu vou, eu vou e eu venho entre as suas ancas
Je vais et je viens entre tes reins
Eu vou e eu venho entre as suas ancas
Et je me retiens
E eu me retenho
– Je t'aime, je t'aime. Oui je t'aime !
Eu te amo, eu te amo. Sim, eu te amo.
– Moi non plus
Eu também não
– Oh mon amour, tu es la vague, moi l'île nue
Oh, meu amor, você é a onda; eu, a ilha nua
Tu vas, tu vas et tu viens entre mes reins
Você vai e você vem entre as minhas ancas
Tu vas et tu viens entre mes reins et je te rejoins
Você vai e você vem entre as minhas ancas e eu me junto a você
Je t'aime, je t'aime. Oui je t'aime !
Eu te amo, eu te amo. Sim, eu te amo.
– Moi non plus
Eu também não
– Oh mon amour
Oh, meu amor
– Comme la vague irrésolue
Como a onda indecisa
Je vais, je vais et je viens entre tes reins
Eu vou, eu vou e eu venho entre as suas ancas
Je vais et je viens entre tes reins
Eu vou e eu venho entre as suas ancas
Et je me retiens
E eu me retenho
– Tu vas, tu vas et tu viens entre mes reins
Você vai, você vai e você vem, entre as minhas ancas
Tu vas et tu viens entre mes reins et je te rejoins
Você vai e você vem entre as minhas ancas, e eu me junto a você
Je t'aime, je t'aime. Oui je t'aime !
Eu te amo, eu te amo. Sim, eu te amo.
– Moi non plus
Eu também não
– Oh mon amour
Oh, meu amor
– L'amour physique est sans issue
O amor físico não tem saída
Je vais, je vais et je viens entre tes reins
Eu vou, eu vou e eu venho entre as suas ancas
Je vais et je viens, je me retiens
Eu vou e eu venho, eu me retenho
– Non ! Maintenant ! Viens !
Não! Agora! Vem!
Não sei se estou parecendo obcecado, mas se você quiser mais informações sobre a música, sua história e curiosidades, leia o artigo na Wikipédia.
sábado, 20 de agosto de 2011
Quando os tradutores dormem no ponto... e algumas dicas de vocabulário
Em meu texto anterior, comentei rapidamente a cochilada imperdoável do tradutor que fez as legendas do filme sobre a vida de Serge Gainsbourg: em vez de traduzir Je t’aime... Moi non plus como “Eu te amo... Eu também não”, o indivíduo perpetrou um “Eu te amo... Também te amo muito” ou algo do gênero. Não gosto de jogar pedra no trabalho de ninguém, mas essa bobeada comprometeu terrivelmente a compreensão do espectador que não fala francês. Além de que se trata de conteúdo ministrado em turmas iniciantes!
Lembro de quando, estando em meu primeiro semestre de francês, comecei a ler A Náusea, de Sartre. Em português. Logo no começo, o protagonista ia a um bar que ele dizia ser “cheio de celibatários”. Fiquei chocado. Eu já sabia que a palavra célibataire significa tanto “solteiro” quanto “celibatário”, mas o contexto indicava claramente que a melhor opção era “solteiros” ou “solteirões”. Por mais que “celibatário”, em nosso idioma, também tenha sua polissemia, o fato é que se trata de um termo muito marcado culturalmente, e isso tem que pesar na decisão do tradutor. Moral da história: perdi a confiança na tradução e larguei o livro de lado.
Lembro também, para voltar ao assunto do início, da cara de perdido de um aluno, alguns semestres atrás, quando expliquei o título da canção de Gainsgbourg. “Se ela diz ‘eu te amo’, não faz sentido ele responder ‘eu também não’”, estava estampado em seu semblante um tanto aturdido. “Pois é, a brincadeira é essa...”, justifiquei com um sorriso. Meu pupilo não pareceu muito convencido com meus argumentos, e acredito que o tradutor das legendas também não – talvez ele tenha tentado “consertar” o que lhe pareceu nonsense.
Como já deixei claro em diversas postagens anteriores (os links estarão disponíveis no final), passar de uma língua para a outra às vezes envolve caminhos tortuosos. Veja: em francês, “também” é aussi, mas “também não” é non plus. Se você inventar um aussi non, não terá dito nada com nada. Ah!, antes que eu me esqueça: aussi também significa “tão”, quando se faz uma comparação de igualdade ou quando se exprime uma exclamação:
Ton appartement est aussi ensoleillé que le mien. (“Seu apartamento é tão ensolarado quanto o meu.”)
Je n'ai jamais vu d'aussi belle femme ! (“Nunca vi uma mulher tão bonita!”)
Outra tradução possível é “assim”, quando se quer exprimir uma consequência:
Ton appartement est aussi ensoleillé que le mien. (“Seu apartamento é tão ensolarado quanto o meu.”)
Je n'ai jamais vu d'aussi belle femme ! (“Nunca vi uma mulher tão bonita!”)
Outra tradução possível é “assim”, quando se quer exprimir uma consequência:
Il était épuisé. Aussi a-t-il annulé ses rendez-vous. (“Ele estava exausto. Assim, cancelou seus compromissos” – repare que esse uso de aussi exige a inversão do sujeito. Daria para dizer a mesma coisa com donc: Il était épuisé, donc il a annulé ses rendez-vous.)
Ninguém quer que as coisas sejam fáceis demais; é por isso que “assim” também pode ser dito ainsi ou comme ça. O primeiro, de acordo com minhas observações empíricas, é mais usado na escrita, para exprimir uma consequência ou uma modalidade, ao passo que o segundo é a forma de preferência na oralidade quando se quer dizer “desse jeito”.
Pourquoi il parle comme ça ? (“Por que ele fala / está falando assim?”)
Na belíssima Bonoboo, Mathieu Chedid canta este verso, escrito por sua avó, a saudosa Andrée Chedid:
C’est ainsi que vaincu / sans une once de venin / sombrant dans sa tanière / disparut Bonoboo (É assim que, vencido, / sem um dedo de veneno / afundando-se em sua toca / desapareceu Bonoboo)
Para não perder a carona, vamos lembrar que a expressão comme ci comme ça significa “assim-assado”, e pode ser usada no sentido de “nem bem, nem mal”. Bom, espero ter demonstrado que, se você não estiver alerta, vai acabar falando e entendendo comme ci comme ça. É por isso que eu te convido a ler alguns de meus posts antigos, cujos links você encontra abaixo:
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Gainsbourg
Acabo de voltar do meu querido Cine Metrópolis, o cinema da UFES, onde assisti a "Gainsbourg: o homem que amava as mulheres". O título em português, que não tem nada a ver com o original (Gainsbourg : vie héroïque), só faz realmente sentido quando se conhece o personagem... ou quando se vê o filme. Diferentemente do que ocorre em "Piaf - um hino ao amor" (cujo título em original é Piaf - la môme, você descobre por que com um pouquinho de pesquisa), temos nessa produção uma narrativa que mistura o real e o fantástico.
É nisso tudo que a citação que aparece logo no início dos créditos ganha todo o seu significado. Não vou contar qual é a citação, e aliás nem é isso o mais interessante: vá ver o filme em alguma sala de projeção, baixe na internet, dê seus pulos! Se você se interessa pela cultura francesa, se você gosta de música, se você tem tesão de cinema, você não pode perder essa viagem pela biografia de um dos maiores artistas do século XX. Confesso que o estilo de Gainsbourg já me causou certa estranheza, e por sinal eu adorava provocar minhas turmas de iniciantes com Je t'aime... moi non plus, na época em que dava aulas de francês. Aliás, é preciso alertar para o fato de que o tradutor deu uma cochilada feia ao traduzir esse verso de uma das canções mais emblemáticas do eterno Serge. As legendas apresentam um "Eu te amo... eu também te amo muito" (ou algo que o valha) sem sal e simplesmente errado. A tradução correta é "Eu te amo... eu também não". É a aparente incoerência dessa linha que a torna tão brilhante.
Irreverente, iconoclasta, irresponsável... indecente. O protagonista, sempre acompanhado de seu cigarro, suas orelhas de abano e seu nariz indescritível, era feio de doer e simplesmente irresistível. Teve as mulheres mais lindas a seus pés, escandalizou e seduziu a sociedade de seu tempo, e está à frente do nosso. Qualquer um que já curtiu uma fossa (ou uma décadence, fica melhor em francês) num boteco fodido, qualquer um que sabe o que é ser de carne e osso, qualquer um que sente que estamos nesse mundo para algo mais do que uma rotina em preto-e-branco já teve seu momento Serge Gainsbourg.
O filme é ousado, surpreendente, empolgante. Não pude fazer outra coisa ao deixar o cinema que não comprar uma cerveja e voltar a pé curtindo o vento e o cheiro da noite. Se tudo o que eu disse ainda não te convenceu a ver o filme, talvez você se anime ao saber que é simplesmente Laetitia Casta quem interpreta Brigitte Bardot, e que a atriz inglesa que encarna Jane Birkin também não é nada mal.
Bom, acho que é a primeira vez que falo tanto de um filme aqui no blog. Normalmente, me contento em dar um resumo magrinho da história e colocar o trailer, mas a experiência que acabo de ter no Metrópolis me exige mais do que isso. Aliás, coloco abaixo dois trailers: o que deve ser o americano (com legendas em português) e o francês (sem legendas, désolé). Você verá como a mesma película pode ser apresentada de duas maneiras completamente distintas. Não se trata de preferir uma ou outra, mas de evidenciar a riqueza de que essa diferença é a prova.
Trailer:
Bande-annonce :
P. S.: Um de meus compositores preferidos, Georges Brassens, faz uma "pontinha", cantando em uma das cenas, um pouco como acontece em Piaf. Boris Vian, um gigante da chanson que ainda tenho que me dar ao prazer de descobrir, também dá as caras em um trecho inesquecível. Não pude me impedir de pensar nas superproduções que a Marvel vem lançando, em que o Homem de Ferro ou o martelo do Thor aparecem no filme do Hulk. Bem que podiam colocar a vida de Brassens na telona daqui a alguns anos... Ah, nunca ouviu falar de Brassens? Corra para a Wikipédia e para o YouTube, escute as músicas, busque as letras e as traduções delas, você merece o prazer dessa descoberta! Claro que o mesmo vale para Gainsbourg...
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