segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"C'est quand le bonheur ?", de Cali

Como prometido a meus alunos do sábado de manhã, segue o link para o clipe de C'est quand le bonheur ?, de Cali (incorporação desativada no YouTube, désolé). Arranjo bem-bolado, interpretação na medida, vídeo divertidíssimo. Como de costume, a letra está nos comentários.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A França e o véu islâmico: dê a sua opinião!

O Senado francês aprovou, na última terça-feira, uma lei que proíbe a dissimulação do rosto em espaços públicos, como você pode conferir no site France24. Antes de ver a reportagem, é interessante ler o texto (que não é uma transcrição), para ter uma compreensão melhor. Quem viu o jornal sabe que a grande discussão gira em torno do fato de que, na prática, essa medida atinge essencialmente as mulheres muçulmanas que usam a burca ou niqab, ou seja, o véu que encobre a totalidade do corpo.
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Quem leu minha postagem Multiculturalismo e burca sabe bem o que eu penso do assunto. De qualquer forma, é importante que todos prestem atenção ao fato de que a cobertura jornalística está dando umas derrapadas ao tratar do assunto, seja para gerar polêmica, seja simplesmente por querer simplificar demais a questão. Assim, vamos a alguns esclarecimentos sobre o assunto.
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Primeiro: é importante lembrar que existem vários tipos de véu, e que a lei francesa se refere somente a um deles (o niqab). Clicando aqui, você pode conhecer os quatro principais. 
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Segundo: é preciso lembrar que, mesmo no mundo muçulmano, o uso do véu não é unanimidade. Clique aqui para para ler a reportagem de France24. Aliás, como você poderá ver, alguns países muçulmanos são ainda mais restritivos nessa matéria do que a França.
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Terceiro: para os defensores da religião de plantão, o uso do véu não é uma prescrição do Islã, mas uma tradição. Ou seja, não faz parte da religião islâmica, é simplesmente um costume de diversas populações. (E um sinal de opressão da mulher, na minha opinião, mas deixa baixo.)
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Quarto: a todos aqueles que gostam de tirar conclusões antes da hora, é bom lembrar que o simples fato de o Senado francês ter aprovado essa lei não significa, mecanicamente, que todos os franceses estejam de acordo com ela. Confira o artigo do Wikipédia sobre o uso do véu islâmico na França. Não esquecendo também que, no caso dessa votação no Senado, houve uma abstinência de uma grande parte dos parlamentares, especialmente os de esquerda.
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Assim, aproveite para se inteirar do assunto, praticando a leitura em francês. E sinta-se à vontade para dizer o que você pensa nos comentários!
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P.S.: Em francês, a palavra masculina voile significa "véu" (também se pode dizer foulard, "lenço"). Se for feminino, voile significa "vela" (tanto o esporte náutico quanto a vela do barco).

domingo, 12 de setembro de 2010

Sobre religião, eleições & democracia

Segue abaixo um e-mail que recebi esta semana e minha resposta. Evidentemente, o nome e o e-mail da pessoa que me escreveu serão mantidos em sigilo. Por favor, percebam que não estou pedindo votos para ninguém, mas abordando a maneira como compreendo termos como "liberdade religiosa" e "laicidade". Aliás, a relação entre religião e democracia já foi tema de outra postagem, há um bom tempo.
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Date: Sat, 11 Sep 2010 08:56:56 -0300
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Subject: Não Vote no PT - Vídeo Pastor Paschoal Piragine Jr.
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Prezados,
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Eu infelizmente não vou votar este ano pois vim para o Timor-Leste depois do prazo para transferência do título. Aliás, mesmo que tivesse dado tempo, eu somente poderia votar nas eleições presidenciais, então depende de vocês votar em políticos de partidos que tenham posição firme contra a transformação da inquidade em lei.
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Não basta só não votar na Dilma, não podemos votar em nenhum político do PT e demais partidos que tem questão fechada a favor do aborto, do casamento gay, da perseguição aos cristãos por meio da lei da mordaça gay, infanticídio de crianças índias e todos os temas tratados no vídeo cujo link está a seguir.
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Um abraço a todos e um voto consciente.
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V.
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Minha resposta:
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Caro V...,
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Como você sabe muito bem, sou ateu. Ainda assim, conheço bem o discurso de líderes religiosos e sei exatamente qual é a posição deles a respeito de temas como aborto e união civil de homossexuais. Minhas convicções pessoais já me afastam do pastor cujo vídeo você linkou, mas gostaria de ressaltar que o mais importante, a meu ver, é um valor fundamental para a democracia: a laicidade.
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Quando um partido como o PT se mobiliza para fazer com que a união civil entre pessoas de mesmo sexo seja reconhecida pela lei, está simplesmente tentando fazer valer o princípio segundo o qual o Estado não deve se orientar por convicções religiosas. Os fiéis de diversas denominações costumam ficar de cabelo em pé com a ideia de não poderem impor seus princípios morais ao funcionamento da República, mas deveriam, ao contrário, defender a laicidade. Afinal, é ela que garante a liberdade de culto. Imagine se o Brasil fosse dominado por alguma corrente religiosa que considerasse a simples existência de templos cristãos uma iniquidade. Imagine se isso levasse a uma verdadeira perseguição contra católicos e evangélicos, com o fechamento de igrejas, a destruição de bíblias e sanções penais contra aqueles que professassem um credo diferente do oficial. Certamente não é o cenário dos seus sonhos...
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O importante é garantir o direito de cada indivíduo viver de acordo com suas próprias convicções, desde que isso não implique o desrespeito ao outro. Se dois homens decidem viver maritalmente, isso é direito deles e não diz respeito aos outros. Por mais que possa chocar a sensibilidade de alguns. Afinal, é a vida deles... O uso do termo "casamento gay" é um truque retórico para causar polêmica e incitar a intolerância, uma vez que o termo "casamento" é carregado de associações religiosas e profundamente enriazado, na moralidade cristã, como um valor supremo.
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A liberdade religiosa garante às igrejas o direito de se posicionar contra a homossexualidade, de dizer que ela é um pecado e até mesmo uma "iniquidade" passível de castigo com o inferno. Mas não é por isso que um pastor pode simplesmente plantar um trio elétrico na frente de uma associação de defesa de homossexuais e ficar berrando que os "fornicadores" são pessoas imundas que merecem arder para toda a eternidade nas trevas e nas chamas do Inferno. O alarido de grupos religiosos contra a chamada "lei da mordaça gay" é, a meu ver, a reação daqueles que querem ter preservado seu "direito" de ofender quem não se encaixa nos padrões por eles ditados.
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Pense bem: se formos seguir esse tipo de raciocínio, já existe em nossa sociedade uma "lei da mordaça cristã"; afinal, alguém que fosse a público lançar ofensas e agressões verbais contra as igrejas certamente seria processado. Qual seria a sua reação se um sujeito distribuísse panfletos dizendo que os seguidores de Cristo são pessoas moralmente desprezíveis e que eles deveriam ser convertidos ao ateísmo? Mesmo sendo descrente, eu também consideraria essa atitude escabrosa, incivilizada. Certamente, não diríamos que se trata de um uso legítimo da liberdade de expressão. Porque você sabe muito bem que esse direito, que está no coração mesmo da democracia, não poderia ser usado como desculpa por um grupo neonazista que quisesse disseminar ideias racistas, ou por uma facção terrorista que tivesse a intenção de insuflar o ódio contra seja lá quem for.
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O aborto é uma outra discussão, bastante complexa, que certamente vai muito além de concepções religiosas. Quanto às outras acusações (infanticídio de crianças índias, por exemplo), é preciso ter cuidado para não ser vítima de manipulação. O mais importante é não deixarmos que nosso país, que ainda está engatinhando rumo à democracia, seja vítima de discursos fáceis e perigosos como o do pastor Paschoal. Perceba que ele coloca no mesmo saco pedofilia, infanticídio e luta por direitos civis de um grupo minoritário. Sem falar no paradoxo de ser contra o divórcio e citar números espantosos de violência familiar. (Uma mulher que fez de tudo para salvar seu casamento não deveria ter o direito de se separar de um marido agressor?) Isso é distorção e má-fé. Não tenho outras palavras.
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Não vem ao caso o fato de que os brasileiros, em sua maioria, são cristãos e se opõem ao "casamento gay". É importante lembrar que a democracia não é uma ditadura da maioria. Isso tem nomes específicos: fascismo e totalitarismo. Sinceramente, tenho medo de que o Brasil se torne uma democracia de fachada como os EUA, dominados por lobbies de todos os tipos, ou uma teocracia obscurantista como o Irã. É esse o risco que corremos se as coisas continuarem no rumo em que estão.
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Um grande abraço.
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Sandro

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A expressão da necessidade em francês

Mais um post com um título “super excitante”, igual A expressão da restrição em francês, Pronomes repetitivos ou Subjuntivo em português e em francês. Bom, se por um lado não sou muito inspirado para dar nome aos meus textos, por outro minha experiência me mostra que esses são pontos que merecem uma atenção redobrada da parte de alunos e professores, daí o texto ser relevante.
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Assim, vamos lembrar que, em nossa língua, temos diversos verbos que exprimem a necessidade: “dever”, “necessitar”, “precisar” e, de longe o mais frequente na fala brasileira, “ter”.
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Pois vou começar pedindo para você não falar uma mistura de francês com português, que eu carinhosamente chamo de “franguês”. Explicando: em francês, préciser significa “precisar” no sentido de “indicar com precisão”. Quer dizer que, se em sala de aula um aluno me dissesse uma barbaridade do tipo Je précise aller aux toilettes, eu teria vontade de dar uma de desentendido até ele fazer nas calças. Préciser não é sinônimo de devoir, não tem nada a ver o pescoço com as calças! Além de que é muito melhor você simplesmente dizer Pardon e se dirigir até a porta!
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Vamos lembrar também que o verbo avoir é outro que não deve aparecer nesse tipo de frase. Na verdade, ele até pode aparecer em enunciados que exprimem a necessidade (Je deviens fou quand je pense à tout ce que j’ai à faire – “Fico maluco quando penso em tudo o que tenho para fazer”), mas você percebe que estamos distantes daquele j’ai que faire beaucoup de choses, uma “coisa” horrível que leva muitos professores de francês ao pânico e à loucura. Avoir pode ser usado para exprimir a necessidade (Je n'ai pas à me mêler de sa vie privée – "Eu não tenho que me meter na vida privada dele(a)"), mas o tom do discurso me parece meio literário e pouco natural na conversação.
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E também não me venham improvisar com um nécessiter da vida. Em francês, esse verbo significa “tornar necessário” (algo como “requerer” ou “exigir”). O que significa que o sujeito do verbo nécessiter nunca pode ser uma pessoa. Se você mandar um Cette situation nécessite une attention particulière des pouvoirs publics (“Essa situação requer um cuidado especial do governo”), esteja certo de que seu professor vai ficar nas nuvens. Mas se você cometer aquele detestável Je nécessite aller aux toilettes, é melhor você não estudar comigo...
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Bom, até agora, só disse o que não pode, né? Pois bem, os verbos mais usados para exprimir a necessidade em francês são devoir e falloir, sendo que esse último é ainda mais geral (e menos empregado por alunos brasileiros). Vamos lembrar que falloir é um verbo impessoal, cujo sujeito é sempre il. Seguem alguns exemplos de frases em português e suas traduções possíveis em francês:
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“Você tem que ler esse livro.”Tu dois lire ce livre. Il faut que tu lises ce livre.
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“É preciso praticar esportes.”On doit faire du sport. Il faut faire du sport. (Quanta saliva já não foi inutilmente gasta com o clássico – e muito deselegante – “C’est nécessaire de faire du sport” que os alunos adoram...)
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“Tive que sair mais cedo.”J’ai dû sortir plus tôt. ( é o particípio passado de devoir.)
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“Bom dia, quero (preciso de) um quilo de tomates.”Bonjour, il me faudrait un kilo de tomates. (Algo que você poderia dizer a um feirante – observe que falloir está no conditionnel présent, para ficar mais educado. Repare também a construção impessoal com il.)
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E por aí vai. O importante é lembrar que falloir é o cara mais importante da história. Bom, eu não poderia deixar de mencionar avoir besoin de, queridinho dos alunos, que o usam meio a torto e a direito. É que essa expressão é um tanto forte. Fica bem em situações como On a tous besoin d’argent pour vivre (“Todo o mundo precisa de dinheiro para viver”) ou um dramático J’ai besoin de liberté (“Preciso de liberdade”). Quer dizer que, se você disser J’ai besoin d’un kilo de tomates, o feirante certamente vai entender, mas vai achar ligeiramente engraçado...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Para dar umas risadas e aprender um pouco de vocabulário


Nouvelle recrue à la gendarmerie.
Dans une caserne de Gendarmerie, le Capitaine croise un jeune élève-gendarme fraîchement débarqué de l'école de Gendarmerie.
- Comment vous appelez-vous, mon garçon ?
- Yves, et vous ?
Le capitaine, furieux, s'écrie :
- Mon petit bonhomme, je ne sais pas d'où vous arrivez, mais sachez que je suis le Capitaine et que je m'appelle MON CAPITAINE. De même, dans ma compagnie, j'appelle les gens par leur nom de famille. Si vous vous appelez Yves Tartempion, je vous appellerai Tartempion, mais pas Yves. Me suis-je bien fait comprendre ?
- Oui, mon capitaine.
- Alors, c'est quoi votre nom de famille ?
- Montcherry.
- Très bien, Yves, au travail.
Un mari qui hait le chat de sa femme décide de l'emmener en voiture à 20km de là. Il l'abandonne et retourne à la maison. À son arrivée, le chat l'attend sur le pas de la porte. Nerveux, il reprend le chat et l'emmène à 40 km de là puis l'abandonne de nouveau. À son arrivée à la maison, le chat l'attend sur le pas de la porte. Furieux, il reprend le chat et fait 10 km par la droite, puis 25 par la gauche, 30 km vers le Nord, et 25 km vers le Sud. Il abandonne le chat et repart. Au bout d'un moment il appelle sa femme avec son portable :
- Chérie, juste une question, le chat est-il là?
- Oui, il vient d'arriver, pourquoi ?
- Passe-moi ce connard au téléphone, je suis perdu.
Un prisonnier d'un pénitencier très dur discute avec un nouveau: 
- Moi, j'ai pris 10 ans pour escroquerie, et toi? 
- 20 ans pour secourisme.
- Arrête, tu déconnes, personne n'a jamais pris 20 ans pour secourisme, même pas un an !
- Si, si : ma belle-mère saignait du nez, alors je lui ai fait un garrot autour du cou pour arrêter l'hémorragie.