quinta-feira, 1 de abril de 2010

minúsculo

tirei as vírgulas da minha cabeça
as muitas aspas de meus cabelos
bati as reticências que em meus ombros
se depositavam
pus de lado meus óculos parênteses
para em tese entrar nu
no labirinto de apóstrofos
e arrobas que é meu cérebro
quieto
após tropeçar num travessão
que não abriu nenhum diálogo
nenhuma explicação
não há exclamação
para o silêncio
que aqui
encontro
os escombros de uma construção arcaica
caem quase cá e lá
já é outra minha expressão
idiomática
eu que sou tão pobre me digo
não trema
não há centopeia
nem cérbero
que não há portas nem castelos
talvez quem sabe um aposto
uma exceção à regra
uma interrogação que seja
debaixo de sete colchetes
mas não trouxe a chave
e fico sem meu paradoxo
e neste momento singular
neste diacrítico
saio ruidosamente
do reino das palavras
cuspindo onomatopeias
eu não mato achar nada
fazer o que
pra que forçar a barra
não houve descobertas
letra muda ponto cego
tudo se transforma
mas ao fim não me resta
nada além
de um rascunho sem ponto final

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