sexta-feira, 9 de abril de 2010

2 entrevistas com Chico Buarque

Como a gente provavelmente nunca vai ter o prazer de bater um papo com o Chico Buarque, fica aí para vocês o que nosso grande poeta diz sobre o racismo no Brasil. Com leveza e inteligência, Chico mostra o absurdo de haver tanta gente se achando "branca" num país que tem na mestiçagem sua maior riqueza. (Para quem pensar em meu texto sobre o Dia da consciência negra, vale dizer que o fato de o racismo contra os negros ser uma realidade inegável não justifica nenhum tipo de "racismo compensatório" contra os supostos brancos.)
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Mas como nosso querido Chico, além de grande compositor, ainda é poliglota, segue uma entrevista bastante irreverente que ele deu a uma televisão francesa, provavelmente no início dos anos 90. Ainda dá para curtir algumas músicas. Uma boa alma se deu o trabalho de traduzir a entrevista, então vou passar esse belo trabalho adiante, colocando-o nos comentários. Caso você encontre algum erro, deixe num comentário.
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(Longe de mim querer colocar Chico Buarque para baixo, mas ele comete uns errinhos aqui e ali. Coisa boba, provavelmente distrações, porque ele fala muito bem mesmo. Mas você é capaz de identificar esses pequenos deslizes? Coloque a resposta nos comentários.)

2 comentários:

  1. TRADUÇÃO: LARA PESTANA

    - No Brasil, Chico Buarque de Hollanda é um monumento nacional, mas os cariocas o amam muito para o amolarem com isso.

    Música: Piano na Manqueira

    - Na França nós conhecemos suas músicas sem saber que foi você quem as escreveu, como a música de Claude Nougaro "Tu verras, tu verras"

    CB: É a música de Claude Nougaro...

    - Pois é, agora virou a música de Claude Nougaro, "Qui est ce mec la".

    CB : Pierre Vassiliu.

    - É, virou a música de Pierre Vassiliu, e não sabemos que foi você quem as escreveu e na verdade isso é extraordinário porque, quando na realidade você é uma grande estrela para os conhecedores de boa música, você só entrou no top 50 com a música do comercial para a, qual foi o efeito que isso causou em você? Você achou isso injusto de ficar conhecido após terem usado essa música para o comercial?

    CB : Não, acho que isso é normal, acho que na verdade se minhas músicas são conhecidas na França é meio que por acaso, e não pela qualidade delas, ao mesmo tempo como você mesmo disse eu sei que existem "conhecedores de música" na França, na Itália, pessoas que conhecem músicas cantadas em português que tentam entender as palavras, mas que a popularidade da musica se dê pela Schweppes não me importa, é a musica da Schweppes, é a musica de Nougaro, é a música de Pierre Vassiliu, eu não tenho nada com isso

    Música: Essa moça tá diferente

    - Você que foi estudande de arquitetura deve se desesperar com arquitetura do Rio de Janeiro, deve ser terrível.

    CB : Sim.

    - Mesmo se existe um bom humor espalhado pela cidade.

    CB: É, é verdade, no Rio nós devemos tudo à natureza, o homem tentou destruir o Rio, mas isso é impossível porque a beleza natural do Rio é incrível.

    - É verdade que as pessoas fizeram de tudo para construir suas casas nos piores lugares mas apesar de tudo a cidade continua linda?

    CB: É, continua linda, e o Rio tem esse contato próximo com a natureza, suas montanhas, seu mar, e isso é o responsável desse sentimento carioca, que diante desses monumentos de pedras milenares se sente tão pequeno, por isso que o carioca não se leva a sério e isso é muito bom, é esse o sentimento do "ser carioca".

    - Quer dizer que o Pão de Açucar, o Corcovado, é um pouco como o "menhir" Celta da pré-história Francesa. É isso mesmo, você tem razão, nos faz sentir pequenos, humildes. Você ainda vive muito de noite? Porque aqui é extraordinário como as pessoas consideram que a meia-noite é quando tudo começa.

    CB: Eu como artista trabalho à noite, eu durmo muito tarde, eu não conheço a manhã, às vezes eu a vejo quando vou me deitar la pelas 6, 7 horas da manhã, mas a gente vive muito à tarde e à noite, quando digo nós digo os artistas, mas os cariocas são sempre um pouco artistas, mesmo esses que trabalham nos escritórios não começam antes das 10 da manhã, e as 4 da tarde da quarta-feira dizemos: bom, a semana acabou, nos vemos na segunda-feira

    -Bom então aqui tem a música, o bom humor e tem também o futebol.

    CB: Tem muitos músicos que jogam futebol, e muitos jogadores que tocam violão, tem o Pelé por exemplo que compõe musicas, eu acho que é porque na origem elas não precisam de nada, são coisas muito populares e simples, com apenas uma bola eles jogam na praia, no Rio, e para fazer uma musica só precisamos de violão e são duas artes, dois esportes de origem popular, que se misturam entre eles.

    - Você é um exemplo disso .

    CB : É, eu sou um exemplo, eu sou um jogador de futebol que toca violão também.

    - Toca muito bem para um jogador. Me diga uma coisa, você possui uma equipe de futebol, não?

    CB : Não, é ela quem me possui.

    - Muito boa a sua resposta!

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  2. Amado tanto não só pelos cariocas, mas por todos aqueles que apreciam a boa música popular brasileira e sabem a grandeza musical que o Chico é/tem.

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