segunda-feira, 27 de abril de 2009

cartesiano

penso, logo não sou
...................não sou eu mesmo nem outro
...................não sou verdadeiro
................e não sou falso
........................o espaço branco dentro de mim
........é um olho que calcula, anota e simula,
..........dentro de uma redoma de vidro,
...esperando talvez capturar-se a si mesmo
....................................................a si esmo
.......................................................um dia

não me dou conta, mas contas,
................e conto e conto para mim mesmo,
.....................onde quer que eu esteja,
...........................o que faço e o que sinto,
................e me contento em tentar entender
.
é tinto o vinho, a carne é rubra,
eu... não sei: branco, oco, frio,
........quem sabe descubra onde me escondi,
.............................................onde me perdeu...
...........................se eu fosse alguém como eu,
............................................aquém de minha anestesia,
.....................de minha falta de agonia que me angustia e tortura...

a letra O tem meu nome,
...é um ser completo e estanque,
vazio, puro, ideal meu que eu destruiria...
se eu fosse alguém como eu

Um comentário:

  1. EI Sandro! Passei aqui em busca das dicas de francês, mas quando vi o tópico 'poemas', tive que clicar logo pra conferir suas produções poéticas! E gostei do que li! Esse 'cartesiano' é bem legal!

    ResponderExcluir