Desde criança, sou apaixonado por carnaval, especialmente pelo desfile das Escolas de Samba do Rio, que sempre acompanhei pela televisão. Aprendi muita coisa com as explicações sobre as fantasias e carros alegóricos, que parecem um barroco viajandão, mas envolvem um trabalho de pesquisa fantástico. Ao contrário do que afirmam alguns chatos que conheço, um desfile pode ser uma verdadeira aula de arte e história.
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Mas, hoje em dia, não consigo assistir à transmissão da Globo sem encher o saco de todo mundo com reclamações que ela conhece de outros carnavais. É que, nos idos das décadas de 80 e 90, os apresentadores contavam histórias e curiosidades que nos permitiam entender da comissão de frente à Velha Guarda. Parece um clichê ser saudosista, mas nesse caso é mais do que nostalgia. Qualquer pessoa que tenha o hábito de acompanhar o Carnaval carioca percebe a evolução do espetáculo, o modo como ele ganhou em riqueza e complexidade artística (ainda que os bons sambas-enredo tenham se tornado mais raros). Mas percebe, também, que o plim-plim anda atravessando o samba há um bom tempo.
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Parece má-vontade ou não sei o quê: é um tal de fazer tomada aérea o tempo todo, de passar a jato pelas alas, de quase estourar champanhe quando dá uma zica num carro alegórico, se preocupando mais em mostrar 500 vezes o mesmo problema e passar em branco o que mais interessa... A impressão é que o jornalismo global tem medo de que o espectador troque de canal ou se atire pela janela caso os apresentadores façam menção a algo de ligeiramente sério ou teçam algum comentário mais relevante ou menos superficial.
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Isso sem falar que a cobertura provavelmente tem fobia a ser tachada de vulgar, e na noite de ontem algumas rainhas de bateria, por exemplo, foram filmadas durante milésimos de segundo. Acho que já deixei bem claro que Carnaval é muito mais do que mulher bonita, mas (acreditem em mim) beleza não é a única coisa que a gente gosta de observar em uma passista: samba no pé tem mais encanto do que uma bunda de fora. (OK, tanto quanto – xiii... minha namorada vai me matar!) Mas, na avalanche neo-puritana dos dias que correm, tudo é pedofilia, machismo e vai saber o que mais.
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Seja como for, nosso carnaval continua, sem sombra de dúvida, o maior espetáculo da Terra. Então vou parar de me queixar porque a quarta-feira de cinzas é muito traiçoeira e despenca na nossa cabeça de uma hora pra outra... e hoje ainda tem muito samba pra rolar!
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Mas, hoje em dia, não consigo assistir à transmissão da Globo sem encher o saco de todo mundo com reclamações que ela conhece de outros carnavais. É que, nos idos das décadas de 80 e 90, os apresentadores contavam histórias e curiosidades que nos permitiam entender da comissão de frente à Velha Guarda. Parece um clichê ser saudosista, mas nesse caso é mais do que nostalgia. Qualquer pessoa que tenha o hábito de acompanhar o Carnaval carioca percebe a evolução do espetáculo, o modo como ele ganhou em riqueza e complexidade artística (ainda que os bons sambas-enredo tenham se tornado mais raros). Mas percebe, também, que o plim-plim anda atravessando o samba há um bom tempo.
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Parece má-vontade ou não sei o quê: é um tal de fazer tomada aérea o tempo todo, de passar a jato pelas alas, de quase estourar champanhe quando dá uma zica num carro alegórico, se preocupando mais em mostrar 500 vezes o mesmo problema e passar em branco o que mais interessa... A impressão é que o jornalismo global tem medo de que o espectador troque de canal ou se atire pela janela caso os apresentadores façam menção a algo de ligeiramente sério ou teçam algum comentário mais relevante ou menos superficial.
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Isso sem falar que a cobertura provavelmente tem fobia a ser tachada de vulgar, e na noite de ontem algumas rainhas de bateria, por exemplo, foram filmadas durante milésimos de segundo. Acho que já deixei bem claro que Carnaval é muito mais do que mulher bonita, mas (acreditem em mim) beleza não é a única coisa que a gente gosta de observar em uma passista: samba no pé tem mais encanto do que uma bunda de fora. (OK, tanto quanto – xiii... minha namorada vai me matar!) Mas, na avalanche neo-puritana dos dias que correm, tudo é pedofilia, machismo e vai saber o que mais.
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Seja como for, nosso carnaval continua, sem sombra de dúvida, o maior espetáculo da Terra. Então vou parar de me queixar porque a quarta-feira de cinzas é muito traiçoeira e despenca na nossa cabeça de uma hora pra outra... e hoje ainda tem muito samba pra rolar!
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