sexta-feira, 12 de março de 2010

Dá pra entender?!

Depois me perguntam por que não gosto de religião...
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Em notícia que acabo de ler, fiquei sabenso que judeus ortodoxos pediram à modelo Bar Rafaeli que não se casasse com Lenorado Di Caprio. O motivo? Ele não tem origem judaica, e a união dos dois não poderia gerar judeus de "puro sangue". Se você se interessar pelo tema, pode ler o artigo clicando aqui. Dá pra entender melhor meu desgosto.
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Por que é que isso me incomoda tanto? Ver um povo que foi perseguido e sofreu um processo de extermínio em massa nas mãos dos nazistas adotar esse discursinho fascista de "pureza racial"! E isso em nome de dogmas caducos e absurdos. Evidentemente, tal posicionamento é adotado apenas por uma minoria dos judeus, mas trata-se de uma "minoria" bastante numerosa e, especialmente, de um exemplo do tipo de raciocínio inspirado pela fé: "pouco importa se o bom senso diz que o dogma X não tem sentido, eu tenho que aceitar". Para entender melhor porque desconfio tanto da fé, confira meu texto sobre o assunto.
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Depois me perguntam por que não gosto de religião...

4 comentários:

  1. Eu também penso dessa forma, duvido da fé, e acho que Deus, é o papai noel que os adultos inventaram para fazer suas vidas mais felizes, e também para não encarar a dura e nua realidade de que na verdade não somos nada, no fim apodrecemos em pronto. O que vale na vida é o amor, o respeito e a dignidade, de nada adianta justificar atitudes duvidosas por vontade ou respeito a Deus. O sofrimento é muito aleatório para que exista alguém tao bonzinho la em cima, zelando....

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  2. entendo o questionamento, ams é simples justamente pelas perseguiçoes e pela forte crença nos costumes nao quererm q a cuktura judaica acabe se esvaindo ao mesclar com outras culturas...ja imaginou alem dos catolicos d ibge agora judeus d ibge rs

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  3. Caro João, imagine as seguintes afirmações:

    "Moças alemãs não devem se casar com jovens judeus para evitar que a cultura germânica se perca."

    "Você, jovem judeu, não deve se casar com aquela negra para não perder a pureza de seu sangue hebreu."

    Essas afirmações seriam (com toda razão) tachadas de anti-semitismo, racismo, discriminação... Por que o fato de uma associação de judeus ortodoxos querer meter o bedelho na vida de uma jovem de origem judaica deve ser considerado louvável ou justificável? Antes de ser "uma jovem de origem judaica", Bar Rafaeli é um ser humano que deve ser respeitado em sua individualidade e em suas escolhas pessoais. Esperar que ela tenha um comportamento condizente a um rótulo que só recobre uma parte de sua personalidade é querer que ela se anule como pessoa.

    Aliás, foi o fato de reduzir pessoas a etiquetas (ou a números tatuados no braço) que levou seis milhões de seres humanos a ser expropriados e assassinados durante a segunda guerra mundial.

    Imagine: Ibrahim Schwartz, cirurgião-dentista de 42 anos, pai de duas crianças, colecionador de selos, apreciador de esportes náuticos, pessoa calma, educada e dotada de fino senso de humor, embora um tanto rígido na educação de seus filhos, fluente em alemão, iídiche e inglês, estava tentando aprender a tocar piano com seu amigo Simon. Poderia falar durante horas para tentar descrever esse personagem imaginário, e não daria conta de sua complexidade. Porque ele é um ser humano. Para os nazistas, tratava-se apenas de um judeu. E ponto.

    É por isso que te digo, João, que reduzir pessoas a rótulos é perigoso. A modelo Bar Rafaeli, como qualquer pessoa, é muito mais do que uma origem ou uma cultura: é um ser humano que tem o direito de se casar com o homem que ama. Decisão pessoal e intransferível. Ainda que a cultura judaica corresse o risco de acabar (o que não é o caso, nem de longe), é Bar Rafaeli que sabe da vida dela. Assim como todas as jovens judias, alemãs, marroquinas.

    O que deve decidir um casamento não é a defesa de uma suposta "pureza" racial ou cultural, porque isso nem existe, mas uma decisão pessoal. Não sei se você é judeu mas, supondo que seja e que encontre a "mulher de sua vida". Se ela não for judia, você renunciaria à sua felicidade?

    Para concluuir, desculpe minha sinceridade, mas acredito que o mundo seria melhor se só houvesse cristãos, judeus e muçulmanos de IBGE. Nenhum deles usaria essas diferenças para justificar a discriminação.

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  4. Caro João, imagine as seguintes afirmações:

    "Moças alemãs não devem se casar com jovens judeus para evitar que a cultura germânica se perca."

    "Você, jovem judeu, não deve se casar com aquela negra para não perder a pureza de seu sangue hebreu."

    Essas afirmações seriam (com toda razão) tachadas de anti-semitismo, racismo, discriminação... Por que o fato de uma associação de judeus ortodoxos querer meter o bedelho na vida de uma jovem de origem judaica deve ser considerado louvável ou justificável? Antes de ser "uma jovem de origem judaica", Bar Rafaeli é um ser humano que deve ser respeitado em sua individualidade e em suas escolhas pessoais. Esperar que ela tenha um comportamento condizente a um rótulo que só recobre uma parte de sua personalidade é querer que ela se anule como pessoa.

    Aliás, foi o fato de reduzir pessoas a etiquetas (ou a números tatuados no braço) que levou seis milhões de seres humanos a ser expropriados e assassinados durante a segunda guerra mundial.

    Imagine: Ibrahim Schwartz, cirurgião-dentista de 42 anos, pai de duas crianças, colecionador de selos, apreciador de esportes náuticos, pessoa calma, educada e dotada de fino senso de humor, embora um tanto rígido na educação de seus filhos, fluente em alemão, iídiche e inglês, estava tentando aprender a tocar piano com seu amigo Simon. Poderia falar durante horas para tentar descrever esse personagem imaginário, e não daria conta de sua complexidade. Porque ele é um ser humano. Para os nazistas, tratava-se apenas de um judeu. E ponto.

    É por isso que te digo, João, que reduzir pessoas a rótulos é perigoso. A modelo Bar Rafaeli, como qualquer pessoa, é muito mais do que uma origem ou uma cultura: é um ser humano que tem o direito de se casar com o homem que ama. Decisão pessoal e intransferível. Ainda que a cultura judaica corresse o risco de acabar (o que não é o caso, nem de longe), é Bar Rafaeli que sabe da vida dela. Assim como todas as jovens judias, alemãs, marroquinas.

    O que deve decidir um casamento não é a defesa de uma suposta "pureza" racial ou cultural, porque isso nem existe, mas uma decisão pessoal. Não sei se você é judeu mas, supondo que seja e que encontre a "mulher de sua vida". Se ela não for judia, você renunciaria à sua felicidade?

    Para concluuir, desculpe minha sinceridade, mas acredito que o mundo seria melhor se só houvesse cristãos, judeus e muçulmanos de IBGE. Nenhum deles usaria essas diferenças para justificar a discriminação.

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