quarta-feira, 28 de julho de 2010

"Difficile à" ou "difficile de"?

O uso das preposições é um dos aspectos mais espinhosos no aprendizado de línguas estrangeiras. Mas, para a questão colocada no título desta postagem, acho que posso dizer que não é nenhum bicho de sete cabeças. Antes de mais nada, é importante destacar que a regra que será mostrada aqui não se aplica somente ao adjetivo difficile.
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Vamos a dois exemplos para você entender:
Ce livre est difficile à résumer. ("Esse livro é difícil de resumir")
Il est / C'est difficile de résumer des oeuvres littéraires. ("É difícil resumir obras literárias")
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A regra é tão simples que eu acho até constrangedor enunciá-la: nesse tipo de construção que envolve adjetivos e infinitivos, quando se usa "de" em português, usa-se à em francês; quando não se usa nada em português, usa-se de em francês. Convém lembrar que, no segundo caso, estamos diante de construções impessoais do tipo il est (ou c'est, em linguagem informal) + adjetivo + de + infinitivo.
Assim, temos:
Il n'est pas facile de trouver ce disque dans les magasins. ("Não é fácil encontrar esse disco nas lojas")
Ce disque n'est pas facile à trouver dans les magasins. ("Esse disco não é fácil de encontrar nas lojas")
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Espero que este texto não tenha sido difficile à comprendre.

As touradas e a diversidade cultural

O parlamento da Catalunha aprovou uma lei que proibirá as touradas naquela parte da Espanha a partir de 2012, o que provocou entusiasmo nas associações de defesa dos animais, que esperam um efeito de "contágio" em outras regiões do país ibérico (efeito considerado pouco provável pelos especialistas). Do lado oposto, forte reação daqueles que querem defender a "tradição cultural" das corridas.
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Vamos direto ao ponto: tradição cultural é o escambau! Trata-se simplesmente de um espetáculo sádico, deplorável e completamente incompatível com o senso de civilização. NÃO me desculpem pelo radicalismo. É isso mesmo. Os defensores das touradas podem dizer o que quiserem, mas aplaudir um maníaco que se diverte torturando e assassinando um animal inocente é um absurdo inaceitável. Uma das coisas mais nonsense que já ouvi em sala de aula veio de um aluno de quem eu gosto muito. Sabem o que ele disse? "Professor, eles comem o touro depois." Aaaaaah, então tá, por que nunca me disseram isso?
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(Que fique bem claro que não tenho nada contra o abate de animais para a alimentação humana. Somos primatas onívoros e temos o direito de comer carne. Mas isso não nos autoriza a humilhar e maltratar os seres vivos que nos servem de sustento.)
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Os relativistas de plantão e os intelectuais preocupados em preservar a "diversidade cultural" (expressãozinha que ganhou ares de dogma supremo do pensamento universitário) podem dar um milhão de argumentos. Não quero nem saber! O único momento interessante de uma corrida é quando o animal vence.
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E você, o que acha?