no fundo
o mundo é um mangue
e o coração
uma bomba de sangue
do tamanho de um punho
cerrado
savana
selvagem
sacana
mas qual é mesmo nosso chão?
.
nós caranguejos
duras tarântulas da lama
de ódios e desejos
tantas raízes tanta trama
em nosso enredo na escuridão viscosa
traçamos trajetórias transversais
sem progresso só tropeço
alheios dedos
nos retraem
nos distraem
nos extraem
nosso medo de barro
molhado e mole
nada pode
quanto escárnio
em minha carne os ais
da mágoa
da água fervente
e mente nossa vida
se escapa nela
é o que nos altera
é o que nos tempera
é o que nos espera
e fim
18 de dezembro de 2012