sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Le complexe du Corn Flakes

Como meu último post falou sobre um símbolo francês, lembrei de uma música de adivinha qual cantor? Ganha um "viva" quem responder Mathieu Chedid. Pois bem, o recordista do penteado mais sensual do Velho Mundo fez uma canção muito divertida sobre a relação entre franceses e americanos, o que nos ajuda a ver que aquele francês com uma baguette no sovaco, um béret na cabeça e um discurso anti-ianque na ponta da língua é um estereótipo que não convém generalizar, como tentei mostrar em outro texto.
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Alguns aspectos interessantes: 1) nunca é demais explicar: ricain é uma redução de américain; 2) nas palavras que se pronunciam com um "êi" em inglês, os franceses costumam mandar um "é": flakes ("flêiks"), dessa forma, vira "fléks". Aliás, costumo brincar que é necessário falar francês para entender um francês falando inglês. (Para não ser injusto, é bom lembrar que os europeus, de modo geral, costumam estudar inglês britânico, o que causa um distanciamento maior com o inglês a que estamos habituados.) Essa fonética à la française, é bom ressaltar, não é política, é só sotaque mesmo - brasileiros transformam Red Hot em "rédji-rótchi", espanhóis dizem "güíski" para whisky e tá tudo certo.
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No mais, espero que você curta o clipe. A letra está nos comentários.


domingo, 17 de janeiro de 2010

Le coq gaulois et le coq au vin



Dia desses, passando em frente a um bar chamado Coq ou Le Coq, uma amiga comentou que o letreiro daria a entender, a quem não conhece francês, que coq significa "rei", e não "galo". De fato, há uma pequena coroa sobre a letra "o". Enfeite aleatório? Nada disso. Para entender por que o galo é um dos símbolos da França (presente no uniforme de seleção de futebol, p. ex.), transcrevo aqui uma pequena explicação que se encontra no livro La France aux cent visages, de Annie Monnier.
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Sans être réellement un emblème national, l'image du coq gaulois est souvent liée à celle de la France. Ce sont les Romains qui ont les premiers associé le coq et la Gaule, puisque le mot « gallus » désigne, en latin, et le coq et le Gaulois. Utilisée à la fin du XIIe siècle pour ridiculiser le roi de France, la comparaison est restée péjorative. Vaniteux, batailleur, sot, sensible à la flatterie, le coq n’est pas un animal glorieux ! Mais, peu à peu, devenu au contraire symbole du courage et de la victoire, cet emblème a été assumé par les Français eux-mêmes. Ainsi à la cour de François Ier, le coq figurera à côté de la fleur de lys, de la couronne et de la salamandre. La révolution française lui accordera une place privilégiée. Il figurera sur différentes monnaies de la IIe et de la IIIe Républiques.
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On le retrouve aujourd’hui sur la grille du Palais de l’Élysée, résidence du président de la République, et sur le clocher des églises.

.Clique aqui para ler um comentário muito interessante sobre o galo francês, num site que também apresenta uma série de dicas interessantes sobre o país de Astérix e Obélix. Fico até meio chateado de mandar o link, já que me arrisco a perder leitores para outro blog, mas é meu dever repassar informação de utilidade pública :)
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Pequena curiosidade: o lugar em que se encontra o galinheiro (poulailler), em francês, se chama basse-cour. O termo designa o terreiro no qual se criam aves e pequenos animais domésticos. O engraçado é que cour significa tanto “pátio” quanto “quadra” (de tênis, p. ex.) ou “corte” (como a corte de um rei, como se vê no texto acima).
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A receita do coq au vin, verdadeiro monumento da gastronomia francesa, segue abaixo, com a tradução entre parênteses, em itálico (a foto não é minha):
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COQ AU VIN (GALO AO VINHO)Pour 4 personnes (Para 4 pessoas)
1 coq (ou poulet) de 2 kg coupé en morceaux (1 galo (ou frango) de 2 kg cortado em pedaços)
200 g de lardons coupés en dés (200 g de bacon cortado em cubinhos)
300 g de champignons (300 g de cogumelos frescos)
50 cl de vin rouge (500 ml de vinho tinto)
2 cuillères à soupe de cognac (2 colheres de sopa de conhaque)
60 g de beurre (60 g de manteiga)
1 cuillère à soupe de farine (1 colher de sopa de farinha)
2 gousses d’ail pilées (2 dentes de alho socados)
2 oignons hachés (2 cebolas picadas)
1 bouquet garni (persil, thym, laurier) (1 amarrado de ervas (salsa, tomilho, louro))
Sel, poivre (Sal, pimenta-do-reino)
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Mettez dans une cocotte les morceaux de coq et faites-les dorer dans le beurre de chaque côté, 10 minutes. Sortez-les. Dans la même casserole, faites cuire les lardons à feu lent pendant 5 minutes. Ajoutez les oignons et faites-les dorer. Ajoutez alors les morceaux de coq et, en tournant, incorporez la farine et versez le vin. Mélangez bien, salez et poivrez. Mettez l’ail et le bouquet garni. Couvrez et faites cuire 1 heure à feu lent.
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Lavez bien les champignons et mettez-les dans la cocotte. Faites cuire encore 30 minutes. Versez le cognac dans la cocotte et cuisez à feu doux encore 5 minutes. Servez avec des pommes de terre cuites ou en purée ou avec des pâtes fraîches.
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(Coloque, em uma panela, os pedaços de galo e doure-os na manteiga dos dois lados, por 10 minutos. Retire-os. Na mesma panela, cozinhe o bacon a fogo brando durante 5 minutos. Adicione as cebolas e doure-as. Adicione então os pedaços de galo e, mexendo, incorpore a farinha e despeje o vinho. Misture bem, ponha sal e pimenta. Coloque o alho e o bouquet garni. Cubra e cozinhe por 1 hora a fogo brando.
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Lave bem os cogumelos e coloque-os na panela. Cozinhe por mais 30 minutos. Despeje o conhaque na panela e cozinhe a fogo brando por mais 5 minutos. Sirva com batatas cozidas, com purê de batatas ou com massa fresca.)
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P.S.: É raro usar galo hoje em dia. Assim, compre um frango e seja feliz. Mas saiba que você vai ser ainda mais feliz se usar uma bela galinha caipira. E não se esqueça da maldição de sete anos de azar se você insistir em usar aqueles cogumelos em conserva horrorosos, que não têm gosto de nada!