Consultando a biografia de Mathieu Chedid na Wikipédia, vi que ele gravou muitas músicas que não estão em seus discos. Então, percorri o YouTube atrás dessas canções, que vou postar aos poucos. Mas uma delas me chamou atenção como professor e achei que seria bacana colocá-la à disposição de meus colegas que ensinam o francês ou dos interessados em aprender o idioma que visitam o blog. Trata-se de Je vends des robes. Não é uma obra do meu cantor preferido, mas uma reprise (em francês, é assim que se diz quando alguém faz uma nova versão de uma música – o que nós chamamos de "reprise" pode se dizer reprise ou rediffusion).
O que há de interessante nessa composição? A primeira estrofe contém diversos nomes de roupas que poderiam ser bons para um daqueles exercícios de compreensão oral em que se deve preencher as lacunas do texto – para turmas que estão aprendendo esse vocabulário, pode ser legal como atividade para encerrar uma aula. O resto da letra é complicado para esses alunos (normalmente, iniciantes) e pode ser deixado de lado, pois o professor não é obrigado a explicar tudo e o aluno pode voltar ao texto mais tarde. Em sala de aula, faz-se uma atividade somente com essa parte da canção e o resto fica só para escutar mesmo. Quem quiser o resto da letra, corre atrás no Google.
O mesmo tipo de exercício pode ser feito com outras partes da música, na qual há trechos com o vocabulário da agricultura e da descrição de características físicas, por exemplo. A meu ver, é importante que o professor escolha somente uma temática e faça a exploração pedagógica da compreensão oral de modo rápido e objetivo, evitando passar muito tempo "dissecando" a gramática e o léxico, explicando tudo. O lance é curtir a música, a pedagogia é incidental.
Existe também uma outra brincadeira possível, destinada apenas ao treinamento fonético: há trechos em que o autor faz longas enumerações, em versos com rimas internas. Os alunos podem se divertir cantando junto para treinar, por exemplo, a pronúncia de sons nasais (des moutons, des cochons, des oignons, des lampions / des voisins, des machins, des raisins, des pépins) ou a diferença entre /u/ e /y/ (des babouches, des cartouches, des autruches, des baudruches). O principal é deixar claro que o objetivo da atividade é o treino da pronúncia (e, eventualmente, o aprendizado de sua relação com a ortografia) e não a compreensão do vocabulário, cuja explicação tomaria muito tempo e deixaria tudo muito entediante – quem tiver curiosidade que consulte o dicionário em casa.
Espero ter ajudado algum colega ou aluno a encontrar uma fonte interessante para o aprendizado. Segue abaixo o vídeo. A letra está nos comentários.
Je vends des robes
ResponderExcluirDes pulls et des manteaux, des bas, des gants
Des jupes, des pantalons
Des sacs, des ceinturons
Des slips et des manchons
De toute espèce, qui me font tourner en bourrique
Je vends des robes
De toutes les qualités en laine, en soie
En fibre de coton
En fil ou en nylon
Avec toutes sortes de noms
De toute espèce, qui me font tourner en bourrique
Si j'aurais pu, j'aurais aimé
Vivre à la campagne, vivre à la campagne
Si j'aurais pu, j'aurais aimé
Vivre à la campagne toute l'année
Avec des moutons, des cochons, des oignons, des lampions
Des voisins, des machins, des raisins, des pépins
Des clôtures, des voitures, des toitures, des ordures
Des poulets, des pommiers, des bergers, mais
Je vends des robes
A des femmes jolies, petites et blondes
Ou grandes et distinguées
Ou rousses et mal élevées
Ou grosses et décoiffées
De toute espèce, qui me font tourner en bourrique
Je vends des robes
Je fais des comptes et des opérations
Des multiplications
Des rectifications
Et puis des livraisons
De toute espèce, qui me font tourner en bourrique
Si j'aurais pu, j'aurais aimé
Vivre à la campagne, vivre à la campagne
Si j'aurais pu, j'aurais aimé
Vivre à la campagne toute l'année
Avec des grillons, des sillons, des buissons, des poissons
Des clochettes, des brochettes, des pâquerettes, des fourchettes
Des barils, du persil, des chenils, des fournils
Du crotin, du boudin, du rotin, du terrain
Des grands-pères, des grands-mères, des commères, des vicaires
Des babouches, des cartouches, des autruches, des baudruches
Des conciles, des bacilles, des textiles, des nautiles
Des orages, des bocages, des mirages, des nuages
Des conscrits, des proscrits, des inscrits, des écrits
Des carnets, des cornets, des sifflets, des soufflets
Des canots, des crapauds, des cabots, des capots
Des tricards, des bracards, des canards, des brocarts
Des courants, des parents, des savants, des arpents
Des melons, des tétons, des savons, des boulons
Des Barclay, des balais, des raclées, des navets
Des tambours, des Dutour, des contours, des détours
Des soupirs, des Missir, des désirs, des sourires
Des frelons, des bourdons, des citrons, des croûtons
Des Berbères délétères, des lasers, des misères
Des tacots, des marmots, des tuyaux, des bocaux
Des bouchons, des torchons, des crayons, du savon
Des savates, des tomates, des mille-pattes, des cravates
Des curés, des greniers, des balais, des pompiers
Des abeilles, des groseilles, des corneilles, des bouteilles
Des limaces, des godasses, des rosaces, des crevasses
Des éclairs, du tonnerre, des lumières, des desserts
Des bougies, des souris, des brebis, du fouillis
Du gruyère, du roquefort, du raifort, du bonheur
Du charbon, du coton, du gazon, des scorpions
Des sardines, des tartines, des copines, des cuisines
Du colza, du tabac, du fois gras, du caca
Des châteaux, des barreaux, des bourreaux, des noyaux
Des fillettes, des barquettes, des serpettes, des carpettes...
Paroles et Musique: Nino Ferrer
1969 © Disque Riviera
Hoje tem "M" aqui em SP. http://www.namata.com.br/namata/agenda-3/2012-06-13/
ResponderExcluirDepois, no RJ: http://festivalencantado.org/
Fica a dica.
Para quem tiver a felicidade de estar aí... fica a minha inveja infinita!
ResponderExcluirPerdeste o show! Lugar minúsculo, intimista com ótima qualidade e a entrada foi 30 reais. E o M? Se jogou na plateia: http://www.youtube.com/watch?v=v0azRU8db0c&feature=share
ResponderExcluirTe envio isto pois fui parar lá por sua "culpa".
Gosto de versos enumerativos como estes. Desconhecia tanto a canção apresentada quanto seu autor. A letra fornecida no comentário inaugural ajuda bastante. Decerto, um material que pode ser explorado de várias formas e em vários níveis.
ResponderExcluirMerci, Sandro.
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